Esta comunicação pretende refletir sobre a caracterização e implicações dos conceitos pedagogia do teatro na esfera do Teatro na Educação.
Por um lado, estas expressões significam a mesma coisa e indicam a forma do professor direcionar
sua prática – identificando o método de ensino e planejando a partir dele; ou, no segundo caso, considerando
que a imersão na atividade independe do planejamento e decorre do engajamento emocional com a situação
em foco.
Por outro lado, a variedade das formas teatrais na contemporaneidade e o reconhecimento da
complexidade da formação contínua do ser humano, trazem consigo o desenvolvimento de perspectivas
pedagógicas e teatrais que, de certa forma, podem justificar a distinção entre os dois conceitos.
Segundo Maria Lúcia Pupo, “quando falamos em pedagogia teatral estamos nos referindo a uma
reflexão sobre as finalidades, as condições, os métodos e os procedimentos relativos a processos de
ensino/aprendizagem em teatro ...”1. Como tal, engloba a noção de teatro como pedagogia2, a qual pretende acentuar que o fazer teatral, em si, ensina sobre relacionamentos, expectativas, conflitos e emoções humanas, e é a atmosfera do trabalho e a vivência em grupo, que tornam significante a experiência.
Mais uma desnecessária dicotomia? É um risco, que pode ser associado aos prazeres e os perigos da confusão de fronteiras, usando uma expressão cunhada por Tomaz Tadeu da Silva (2000: 13-29). Um risco
que visa acentuar a especificidade do teatro face à função do planejamento de ensino.
A distinção entre os dois conceitos, se existe, parece ser a intencionalidade da ação educativa
referente à aquisição de conhecimentos específicos. No âmbito da formação de professores e da
aprendizagem de subáreas distintas do fazer teatral, como menciona Pupo acima, não há dúvidas quanto à
necessidade de desconstrução das diferentes abordagens de ensino para análise de suas especificidades e
implicações. Entretanto, no contexto do ensino do teatro na escola fundamental a distinção pode ter maiores
implicações. Um planejamento, que geralmente especifica os objetivos artísticos (linguagem cênica), estéticos (valores) e temáticos (aspectos do texto ou tema) a serem explorados, pode exigir total reestruturação após um ou dois encontros. É possível observar com freqüência situações em que mudanças drásticas não só de planejamento como também de abordagem decorrem da interação do professor com um determinado grupo de alunos. A alternativa de destinar os encontros iniciais para conhecer os participantes e ouvir suas expectativas dificilmente contempla os desejos e necessidades de uma turma de trinta alunos. Além disso, as razões que motivam uma pessoa a fazer teatro e mantém seu interesse são as mesmas que eventualmente
1 “Sinais de teatro-escola”, Humanidades, Edição Especial Teatro Pós-Dramático, Editora UNB, No 52,
Nov. 2006, pp 109-115.
2 A expressão é aqui utilizada como uma analogia ao ‘drama como método de ensino’
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