Nenhum diretor estará apto para selecionar o elenco de uma peça se não conhecer muito bem o texto que tenciona montar. Antes de fazer o reparto, deverá concentrar seus estudos na obra e seu conjunto.
Uma vez que as peças são escritas para serem representadas, o ator pode ser considerado como figura indispensável e de maior importância no teatro. É ele o responsável pela comunicação das idéias do espetáculo ao público consumidor. A função do ator é representar o que foi escrito, e por isso a sua escolha é um momento decisivo da encenação. O ator em pouco tempo passará a ser o personagem que um autor idealizou e esboçou suas paixões, reações e personalidade.
A escolha dos atores é um processo vagaroso e difícil, porque é necessário um tipo especial de percepção para relacionar a personalidade e habilitação do candidato ao papel que lhe é destinado na peça. O diretor terá que ter muito cuidado para não se envolver em um processo de simpatia pessoal, de amizade ou outro qualquer processo a fim de que não cometa um erro de seleção.
Muitos diretores fazem a escolha de seus atores através de certas características que parecem enquadrar-se bem no papel, ou porque o personagem exige certo aspecto físico, tais como altura, cor da pele ou dos cabelos, peso, idade, qualidade de voz etc. Certos papéis praticamente exigem um tipo especial de ator. Um D. Quixote exigiria um ator alto e magro. Jamais deveria ser interpretado por um ator gordo e baixo. A qualidade de voz e timbre também é importante. Em certas obras, o diretor poderia escolher o elenco pelos registros vocais. Em certas tragédias de Shakespeare, os papéis foram escritos para um certo registro vocal, como numa página de música. O diretor poderia pegar uma batuta e reger. Os versos exigem uma certa melodia que as vozes deveriam acompanhar.
A capacidade emocional de cada ator também deve ser levada em conta. Alguns atores desenvolvem bem em cenas violentas e dão pouco rendimento aos momentos românticos ou psicológicos. Certos atores têm uma natural veia cômica, como se costumam dizer, a estes seria mais acertado dar uma participação num personagem cômico do que num personagem trágico. Devemos esclarecer, porém, que nenhuma regra é fixada. Um ator que até o momento só tenha feito papéis leves e cômicos poderá vir a se revelar como excelente ator dramático.
Uma boa maneira de se fazer um reparto, seria o de responder a um questionário simples: Estaria o nosso candidato:
1) Apto fisicamente para o papel?
2) Sua complexão física corresponde à complexão física exigida pelo personagem em questão?
3) Estará seu físico harmoniosamente proporcional aos demais do elenco?
4) No caso do papel ser o do amante, por exemplo, estaria sua altura proporcional a altura da heroína? muitas vezes uma desproporção física pode destruir totalmente uma situação dramática.
5) Tem o candidato à voz adequada ao papel?
6) O metal de sua voz corresponde ao metal da voz que o personagem deveria ter?
7) Sua voz é forte? Agradável?
8) Sua voz terá volume e capacidade para chegar as últimas filas e envolver a todos os espectadores?
9) O ator terá que despender enorme esforço para conseguir que sua voz ocupe inteiramente o teatro?
10) Já tem voz impostada e trabalhada?
11) Sua voz entra em harmonia com as vozes dos demais no elenco? (Já escolhidos).
12) Sua voz harmoniza particularmente com o seu principal antagonista?
13) Pode o ator andar, locomover-se e gesticular conforme o personagem exige?
14) Terá o ator o ritmo exigido pelo personagem? E pelo andamento que se pretende dar a peça?
15) Terá o candidato capacidade de (se não souber pelo menos aprender) a dançar ou cantar (se esse for o caso)?
16) Poderá o candidato falar com um sotaque ou em um idioma estrangeiro?
17) Terá o candidato capacidade para entender e desenvolver o seu papel?
18) Nosso candidato terá capacidade para criar e desenvolver seu papel sozinho ou espera que todas as idéias e sugestões para a valorização do seu personagem?
19) É disciplinado? Pontual? Qual a informação que tem do candidato em relação ao trabalho de grupo? (Um ator indisciplinado, que não cumpre horários e que não se relaciona bem com o grupo, mesmo que seja um bom ator, poderá causar muitos aborrecimentos à direção e só servirá para retardar e dificultar o trabalho).
20) Que outro trabalho fez antes do nosso? Quais as peças, quais os personagens?
Muitos diretores contratam atores pelos seus dizimeinhos em outras peças. Conhecem as atuações anteriores de cada ator é um bom elemento para a seleção de elenco, contudo não deverá ser o elemento decisivo ou elemento único para a escolha, porque o ator poderá ser melhor ou pior do que aparecer em determinado papel. Além disso, um mesmo tipo não significa que ele seja o mesmo personagem.
Nem sempre é bom confiar papéis de grande fôlego a atores principiantes, principalmente quando temos um elenco amadurecido e bem treinado. Ao distribuirmos um papel para um ator principiante, teremos antes que verificar se o nosso tempo de ensaios será suficiente bom para darmos ao jovem ator maior dedicação e maior treinamento particular. Por maiores que sejam os dotes do nosso ator principiante, devemos contar com um maior período de ensaios.
A não ser que o diretor já esteja absolutamente convicto da capacidade do candidato, é quase essencial uma ou várias leituras do papel para formar um juízo do candidato.
Pode também o diretor pedir um teste, uma prova, uma improvisação. Barrault não acredita muito em provas: Uma prova jamais dá elementos suficientes para formar-se um juízo exato, senão uma impressão. Se a impressão é boa, e freqüentemente é demasiadamente boa. Pelo contrário, se é má, corre-se o risco de que seja ainda pior. Porém a respeito da prova em si, o que importa são as possibilidades de conhecimento. Certo fator de simpatia indefinível, mas que vem do mais profundo ser, faz mais do que a prova em si. Podemos julgar o timbre, a respiração, a proporção da cabeça em relação ao corpo, a linha, a silhueta, o tipo de instrumento que se apresenta. Os menores defeitos se tornam visíveis: dentes salientes que não se notavam antes na vida corrente, uma deformação da boca, mãos grandes, etc. Algumas pessoas crescem no cenário, outras diminuem. Algumas já são personagens, outras permanecem encerradas em si mesmo e não podem transformar-se em material teatral. Enfim, a presença aparece ou não. Em duas palavras, simplesmente subir à cena aparece uma nova pessoa. O cenário parece revelar o que se esconde no interior. No cenário as pessoas se mostram despidas. A cena revela o homem e seu duplo.
Resumindo, ao escolher o elenco de uma peça, o diretor deve fazer mais que selecionar o ator adequado para cada papel. Ele deve considerar os personagens da peça em relação umas com as outras, e reunir um grupo de pessoas que possa interpretar dentro da mesma linha, e parecer que pertencem ao mesmo meio. A interpretação em estilos diferentes dentro da mesma peça, causa ao público um certo mal-estar. Escolher um elenco é a parte mais difícil de um diretor, e o próprio Barrault concorda quando diz: O mais difícil de uma “mise-en-scéne” e o reparto. É o mais importante. Um ator ganha 100% de seu valor quando interpreta um papel adequado.
Uma boa companhia e um mal reparto fazem uma má companhia. Com um bom reparto, a companhia é excelente. Já na primeira leitura, ao redor da mesa, enquanto os atores decifram seus papéis, vemos se o texto harmoniza com suas vozes, quer dizer, se o personagem poderá ‘penetrar’ nos seus corpos. E da mesma maneira que a obra harmoniza com os personagens, paralelamente é preciso que na companhia os atores estejam harmonizados. Às vezes, dois atores concordam respectivamente com seus papéis, porém não concordam entre eles, para fazer estes papéis. Então é necessário sacrificar a um dos dois. Começa então a tarefa profundamente árdua do homem de teatro. Um homem de teatro jamais deveria fazer uma injustiça. Podemos dizer que este é o primeiro mandamento que deverá obedecer.
Então temos que agir com uma certa dose de intuição “a eleição de um intérprete é, pois, antes de tudo, uma questão de intuição. Os melhores diretores têm por instinto o sentido de correspondência entre um personagem e um artista”.
São dois processos:
O convite para integrar o Grupo de teatro e a escolha do elenco e da Produção.
Faça o seguinte convite:
- Que sejam pessoas batizadas com o Espírito Santo
-Gostem de teatro (atuar ou participar da produção)
-Tenham tempo para se dedicar aos dias de ensaios.
Depois de feito o convite, divida em 2 Grupos: a Produção (sonorização, iluminação, cenário, figurino, maquilagem) e o Elenco. A Produção é geralmente composta de pessoas que gostam de teatro, mas não de interpretar. Então, elas desejam ajudar na parte de iluminação, sonorização, maquilagem, cenário e figurino. Estabeleça as tarefas para essas pessoas, pois elas serão assistentes diretos do líder. Para escolher o elenco da peça, deve-se levar em consideração os requisitos abaixo. Costumo classificar exatamente nesta ordem.
Aparência
É extremamente necessária que a aparência da pessoa identifique juntamente ao publico, a imagem que se pretende passar do personagem. Uma pessoa mal escolhida para interpretar um papel pode acabar estragando a montagem por sua aparência não convencer o publico. Ex. Colocar um rapaz muito alto e extremamente magro para fazer um papel de Deus. Vai ironizar o personagem.
Voz
Imagine um jovem que esta mudando de voz, fazendo papel de um homem de 50 anos. Nem pensar. Uma atriz jovem com voz de criança, traz certa desconfiança para o publico.Um rapaz de voz forte pode desempenhar um personagem que tenha que passar credibilidade.
Interpretação
Porque coloquei interpretação em ultimo lugar? Pois bem. De que adiantaria ser um excelente ator/atriz se não possui a aparência ou a voz adequada ao personagem.
Cabe ao líder, definir os papeis de acordo com a aparência e a voz de cada componente. A aparência é tão importante na cena, que o ator pode fazer uma cena sem dizer uma única palavra. Lembre-se: O que aparece no teatro é o “corpo” e a “fala”. Como já dito, a aparência e a voz.
Começando a Ensaiar
Antes do início do ensaio, orem. Depois do ensaio, também. Estabeleça regras quanto a datas de ensaios e horário e seja rígido. Ensaio serve para elaborar a apresentação da peça, marcar as cenas, entrosar o grupo.
Primeira etapa de ensaio
- Distribua os textos e dê um prazo para estar decorado
- Comece ensaiando somente a voz, a entonação das falas. Sente-se em circulo com o grupo e leiam
o texto do início ao fim. Isso fará com que conheçam a historia a ser apresentada.
- Ensaie cenas isoladas, não precisa ser na ordem em que aparecem no texto.
-Faça os exercícios da Oficina de Dramatização
Segunda etapa de ensaio
- Comece a cobrar o texto decorado
- Os componentes que tiverem seus textos decorados, podem começar a terem suas cenas marcadas (movimento e voz).
-A cada erro em cena, faça com que se comece do inicio da cena. Isso fará com que os atores decorem suas falas mais rápido.
Terceira etapa de ensaio
Comece a ensaiar as cenas em ordem cronológica. Se houver cenas ainda não prontas, faça os atores repetirem várias vezes depois do ensaio cronológico.
Não permita que os componentes segurem o texto durante suas cenas nos ensaios. Se for preciso dite as palavras e eles repitam. Se isso não for feito eles vão se prender ao texto e dificultar a marcação das cenas e o bom andamento do companheiro de cena.
Comece a incluir nos ensaios, cenário, iluminação e sonorização. Isso serve para adaptar os atores a realidade da cena.
Quarta etapa de ensaio
Verificar o figurino e o tempo necessário para troca de roupa (caso haja).
Organizar todo o equipamento necessário para a apresentação.
Fazer o ensaio geral.
Marcar as cenas de movimentos é estabelecer: locais de entrada e saída de personagens, posição na cena, movimentos feitos durante a cena. Sentar-se, levantar-se, andar pra frente/trás etc. É expressamente proibido ficar de costas para o publico, a não ser que a marcação de cena exija isso. Quanto mais marcada a cena, mais bonito fica o efeito visto pelo público.
Marcação de voz - É proibido falar com a cabeça baixa, falar pro chão ou falar rápido demais o texto.
Coach – Técnico- Na TV, alguns atores possuem um diretor somente pra ele. Este se dedica a auxiliá-lo para melhorar seu desempenho nas cenas. Coloque um componente como Coach de cena de outro componente. As sim ele poderá auxiliar o companheiro em cena e trará novas idéias para a direção.
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